Quercus Suber






Corte de cortiça já velha e ressequida antes do "trabalho" (parte central da foto).

Cortiça depois de trabalhada mostrando a cor mais clara das partes "rasgadas".

Cortiça depois de colorida com o guache, a parte cicatrizada desta antiga ferida brevemente irá começar a gretar sendo mais tarde impossível ver que é uma antiga cicatriz.


Ramo depois de encurtado.

Parte central antes de escavar.

Madeira escavada e câmbio limpo pronto para a pasta cicatrizante.

Resultado final da técnica, mais algum tempo no exterior e não será possivel ver a diferença da cortiça natural da trabalhada (agora serão necessários alguns anos até a cicatriz fechar).



THE REVENGE OF BIG MOMMA

Um ano depois de ter envasado aqui no viveiro este Quercus deixando a árvore ganhar força com bom solo, boa rega, e muito adubo ela reagiu explosivamente como podem ver na primeira foto.
Não podei nada do novo crescimento até ontem.
Mas agora que a árvore estava pronta a ser trabalhada finalmente pude fazer a primeira formação e selecção de ramos.
Como podem ver a imagem final não está aparentemente muito definida pois não à uma silhueta bem delineada.
Nesta primeira formação seria um grande erro tentar já definir a forma e contorno dos futuros ramos pois isso iria somente atrasar anos o processo de desenvolvimento da ramificação básica e o engrossamento dos ramos principais esse é também o motivo pelo qual os ramos secundários não foram aramados para permitir á árvore de ganhar força rápidamente.
O trabalho começou com algumas operações de refinamento.
Vou revelar-vos aqui uma técnica que eu próprio pensei e desenvolvi na tentativa de esconder as inestéticas marcas de corte de material que como este ao ser recolhido precisa normalmente de ser podado drasticamente:
O grande atractivo dos Sobreiros é a sua casca, e até agora os Sobreiros que tenho visto em exposições têm todos estas marcas das podas, normalmente escondidas no lado traseiro da árvore.
A técnica que desenvolvi permite corrigir e com tempo suficiente de cicatrização esconder completamente estas marcas (é claro que quanto maior for a cicatriz mais tempo irá levar a fechar completamente) sendo possível ter no final uma árvore "sem" cicatrizes visíveis.
Mesmo marcas velhas de cicatrizes que já tenham começado a fechar podem facilmente ser disfarçadas.
O exemplo do ramo que tive de retirar servirá bem para ilustrar esta técnica, o seu diâmetro com casca é de 9cm, sendo a parte interior da madeira 6cm.
Primeiro serrei o ramo não rente ao tronco mas deixando +- 2cm da sua base.
Segundo,escavei bem a parte central da madeira (deixando a casca intacta) retirando cerca de 2cm de madeira deixando o corte ligeiramente côncavo.
Quando esta operação foi bem acabada cortamos a parte do câmbio com uma faca muito afiada para não deixar partes ásperas (para facilitar a cicatrização).
Terceiro, com um alicate podador de ramos agarramos agora pequenas porções da casca em volta da cicatriz que ficou e "rasgamos" pequenos pedaços de cortiça pouco a pouco.
Para esta técnica resultar bem é necessário primeiro estudar a estrutura da casca e nunca cortando com o alicate mas agarrando e puxando pequenos pedaços de cortiça tentamos imitar a estrutura natural da cortiça.
A cortiça que fica tem agora uma coloração muito mais clara e diferente da cortiça natural já existente mas isso não importa por agora.
Fechamos com uma boa pasta cicatrizante toda a ferida interior e eu trabalho essa pasta enquanto ainda está fresca com os dedos e uma pequena espátula tentando ao máximo imitar a estrutura da cortiça ao redor.
Depois numa pequena taça colocamos um pouco (uma porção mais ou menos do tamanho do caroço de uma laranja de guache preto,conforme a superfície a pintar) e com um pincel desfazemos o guache com o pincel misturando com cerca de 4 ou 5 ml de água.
Depois é só pintar as partes da casca trabalhadas de fresco(atenção pois ao pintar essas partes vão parecer substancialmente mais escuras que a casca original, mas ao secar, e se não tivermos utilizado demasiado guache o resultado será muito mais claro).
Desde que o guache tenha depois da sua colocação tempo para secar a árvore pode depois ser exposta a todo o tipo de intempéries.
Passado algum tempo (em geral um mês) não se distingue a diferença entre as partes trabalhadas e as partes naturais.
Com o passar do tempo o câmbio vai começar a fechar a ferida.
No principio a casca formada sobre a ferida é lisa e diferente da casca já existente mas com o passar do tempo essa casca ganha também gretas como a outra cortiça.

Factores que decisivamente podem influir no resultado são: o estado de saúde e crescimento da árvore, quanto mais forte é o crescimento mais rápido será o resultado final, daí ser recomendável fazer este trabalho no principio da formação da árvore quando o seu crescimento é incentivado com muito adubo e rega para acelerar todo este processo.

Continuando agora com a formação deste exemplar e chegando mais próximo do momento de desvendar o porquê do titulo deste texto.
Foram retirados bastantes ramos.
Em todos os ramos que têm de engrossar para aumentar o calibre e tentar criar casca foram deixados ramos compridos para crescerem livremente que só serão podados quando o calibre por ramo for o requerido.

A frente foi escolhida para mostrar tanto o movimento mais bonito e elegante do tronco mas também em função da beleza da sua casca.
Esta árvore tem várias possibilidades de frente.
Quando estávamos a tirar as fotos finais da árvore depois da sua formação ao rodar o vaso em cima do carro de transporte repentinamente aconteceu uma situação potencialmente perigosa.
O carro sucumbiu ao enorme peso deste exemplar, e carro e árvore caíram no chão do estúdio.
O Nuno teve o azar de estar do lado para o qual a árvore caiu e levou em parte com ela em cima mas conseguiu mesmo assim parar o vaso de rolar lateralmente para o chão.
Felizmente não houve ferimentos!
A árvore milagrosamente só ( e digo só pois poderia ter sido muito mas muito pior) partiu um ramo, mas a base desse ramo ficou intacta e assim do pequeno ramo secundário que ficou será possível refazer esse ramo.
O pior foi inventarmos depois uma maneira de levar a árvore para o seu sitio no viveiro sem um carro a funcionar de maneira capaz de o fazer.
Quem tenha dúvidas quanto ao desenlace desta tarefa pode vir comprovar o peso deste "bicho"!!!
Este é o motivo pelo qual hoje só tenho uma foto da árvore vista da frente depois da sua formação.
As outras serão tiradas quando algum dia adquirir um guindaste!
Grossura da base 40cm, altura actual 80cm ( a reduzir no futuro até menos de 70cm)

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